sexta-feira, 2 de novembro de 2018


Dia dos finados, uma forma de trazer à memória nossos entes estimados e queridos, como se preciso fosse. Na verdade, para os que estamos há muitos anos por aqui, e na medida em que passa o tempo, o que vamos colecionando são memórias, doces e margas memórias. São tantas perdas e danos, tantos pedacinhos de nós que se vão em cada falecimento, que nos transformamos em restos, sobras de balanço. Mas não deixa de ser um exercício que podemos fazer criativamente. Há mortos que crescem depois de ausentes, como naquela tese de que só nos damos conta do valor de uma coisa depois que a perdemos. Ela cresce em ausência. E aos poucos se transformam em patrimônio pessoal intransferível. Meus mortos, com seus pesos e medidas afetivas, são hoje meu maior patrimônio e eu encontro em cada lembrança deles um prazer já irretocável, um instante que valeu, uma palavra que emocionou, um presente que deu alegria, uma flor que propiciou enorme prazer, um reconhecimento que naquele momento foi sublime, em cada memória eu recolho uma joia, e a presença ausente de cada lembrança se torna uma flagrância de suave perfume que nos dá um pouco mais de energia para seguir caminho até nos tornarmos nós mesmos uma lembrança.

terça-feira, 23 de outubro de 2018


O Supremo, infelizmente, vem dando sucessivos tiros no próprio pé. Vem colocando em risco suas prerrogativas e obrigações constitucionais. Há tempos que tenho entaladas na garganta algumas verdades que eu gostaria de dizer pro Supremo. Mas até isso fica difícil porque alguns de seus membros são vingativos e usam abusivamente seus superpoderes para processar seus críticos.  Como foi feito com um grupo de jornalistas que sofreu o diabo com todo tipo de malandragem jurídica que um ministro da Corte jogou contra o grupo,marcando audiências em lugares distantes e outras mesquinhezas.

domingo, 21 de outubro de 2018




As contradições da cidade carioca

Outro dia à noite, mais ou menos às dez horas, eu voltava do Shopping Leblon com meu filho Lucas quando fui advertido por transeuntes para não atravessar o Jardim de Alah porque uma garotada da Cruzada estava jogando pedras ao azar. Eu andei mais um pouco até uma distância mais próxima, mas ainda prudente para observar e avaliar a situação. Foi quando um garoto mais velho do bando me fez sinal positivo para minha travessia. Tive de decidir em poucos segundos, mas fui em frente e com a conivência e acompanhamento de todo o grupo eu cruzei o Jardim em segurança.  Já no final o último garoto me soprou baixinho: estamos apenas nos divertindo. Depois da experiência com o 474 eu devia estar mais assustado, qual o quê, são coisas que só nessa cidade.


sábado, 20 de outubro de 2018


A Paquera  não pode morrer e o assédio não pode ser tolerado. 
Como então regular a relação necessária entre os gêneros?
A orientação sexual no país se tornou um assunto delicado e complexo, ninguém nega que é importante. Talvez seja por isso que no Fantástico e nas novelas da Rede Globo o assunto tenha tanto destaque.  Ficou difícil se expressar ou interagir sem o risco de ser mal interpretado ou incorrer numa irregularidade jurídica.
Sou do tempo em que era fácil perceber se se tratava de uma cantada, um elogio inocente ou uma abordagem desagradável.
Algumas regrinhas práticas podem ajudar: Tudo depende do lugar, na rua não pode haver contato físico sem consentimento, mas pode fazer um elogio, uma forma jocosa de chamar a atenção, sem insistência. Em local fechado, um bar ou uma sala de visitas, pode uma das partes tentar abordar
com gentileza a outra, eventualmente com uma piada, uma frase de humor, também sem insistir se a outra parte não dá sinais de agrado. É fácil perceber se está agradando, se não está não pode insistir. Ofensas, nem pensar.


sexta-feira, 19 de outubro de 2018


Viajar é preciso...

Enquanto o turismo se tornou uma atividade destacada na economia dos países e na ocupação da sociedade, os serviços prestados são de notória selvageria. Há uma regressão ao capitalismo predatório. Explorando o fato do aumento exponencial de passageiros, as companhias abusam de cobranças de todo tipo, verdadeiras miudezas que reduzem os prazeres de uma viagem, atropelam o conforto e causam surpresas desagradáveis na articulação de trajetos. Criam rigidezes que acabam onerando os custos geralmente já elevados da viagem.  Cobram à parte por assentos, por malas, por parada em escalas, por lugar no avião, por antecedência na compra, etc. Cada empresa estabelece o tamanho da mala permitida, o que pode produzir o fato de um viajante ser barrado no meio da viagem porque sua mala já não atende ao padrão da nova companhia ou do novo trajeto.
                                                                                         
Ao mesmo tempo em que os novos costumes acrescentaram o turismo como uma necessidade, viajar se tornou uma jornada de angústias e horrores.  Mas parece que os prazeres compensam a exploração, ou não há mesmo alternativas.

Política





Agências Reguladoras
Danos do PT
A Falta de Bons Exemplos
Falta de visão das autoridades
Faltam Princípios ao País
Nossa Democracia Burguesa
Faltam Propostas 
Substitutos em viagem
Herança Política Viciosa
Lógica do Impeachment
Garfo no Trabalhador
Separação de Poderes
Triste Panorama da Política
Bolsa Família
Governo frágil é pior que nada
A Saída, onde está a saída?
Previdência Social
Separação de Poderes / Nosso Supremo (sic)
O modelo de estratégia de tomada do poder  15\11\2017
Fair play na política
Problemas de um Governo Provisório
Um Programa Mínimo Republicano   09\12\17
Convenção do PSDB
A Mídia é um poder
A Má Política do Congresso
O nosso Planeta está enfermo e sangra
Lula
Nossa Capacidade de suportar
É Duro aguentar discurso de Temer
Duas Caras da Mesma Moeda
Como convencer o amigo   06\04\18
A Prisão de Lula
Primeiro de Maio de 2018


Agências reguladoras são o que são

Gente, as agências controladoras tipo Anatel não foram criadas no governo FHC para defender consumidores. Sua finalidade é manter o mercado competitivo no setor e em particular defender as empresas de interferências estranhas como da política e do governo. Consumidor é com outro departamento. Mas Lula não está isento, ele não mudou nada do que foi feito por FHC, ao contrário, em geral se aproveitou, se locupletou.  20\04\2016


Danos do PT

O efeito perverso do suicídio político do PT é que os abutres que habitam a política de Brasília estão mostrando os dentes, sem que tenhamos um partido de esquerda para frear o apetite voraz que já ataca as conquistas trabalhistas e a própria Petrobrás. Ao dar um tiro no pé o PT sacrificou o que tinha de melhor, sua militância. Que bom se pelo menos o PSDB ainda tivesse a tintura social-democrática dos primeiros tempos.
Monetarismo
O cenário está pronto para receber Meireles, o neoliberal a serviço do PT. Digo, a serviço dos capitais financeiros nacionais e internacionais e do PT. Ele, no dizer de Delfim Neto, salvou o capitalismo praticando juros altíssimos, abastecendo o lucro bancário em todo o mundo. E agora o PT volta com ele. É a confissão de que Lula faz qualquer coisa para se manter no poder e de que o PT não tem mesmo expertises partidários para cuidar da economia do país.  13\11\15

A Falta de Bons Exemplos

O mau comportamento com a coisa pública depende de bons exemplos de uma suposta elite, ou de pessoas famosas que formam opinião. E é isso que nos falta. Quando Lula no auge de seu prestígio passava a mão nas costas dos políticos corruptos que ele queria cooptar, ele estava passando também uma mensagem para o povo que o admirava. Faltam-nos exemplos de virtudes públicas. Alguns poucos casos ocorreram com pessoas pouco comunicativas, sem redes multiplicadoras, como o gaúcho e franciscano Pedro Simon. FHC poderia ter sido esse ícone, mas lhe faltava simpatia do povão. Lula com FHC poderiam ter mudado o país, mas não completaram o perfil necessário para a tarefa. Ainda estamos faltos dessas figuras virtuosas com sentimento cívico iluminado e agregador. Quem sabe um dia a sorte nos bate à porta?    17agosto 17

Os políticos perderam o pudor, se algum dia tiveram. Mas temos de fazer alguma coisa.   É claro que as passeatas, paneladas, protestos em rede, nada disso teve resultado, estamos navegando na mesma merda. Será que não vamos impedir essa mamata que estão armando no congresso, depois da que acabaram de perpetrar? Já não temem (temer?) nada. 16  08   17

As contradições entre a população e as autoridades já chegaram a limites insuportáveis que no Século 19 teriam gerado uma revolução. Nos dias de hoje...


Falta de visão das autoridades

É duro conviver com autoridades (sic) e dirigentes públicos sem formação, sem vontade política, sem visão de estado e de interesse público. Que futuro podemos esperar dessa corja de mandatários da vida nacional? As novas gerações já chegam cooptadas para manter seus privilégios e tudo fica como antes no quartel de Abrantes. Se alguém sabe como mudar isso tem o dever de anunciar e o direito de receber o  devido crédito  (06\08\17)


Faltam Princípios ao País

Nosso país, por falta de sólidos princípios compartilhados pela população, convive com falsas concepções morais e argumentos justificativos para a legitimação de crimes, pilantragens e malandragens. Uma delas é a tal governabilidade, que todos os partidos praticam. Significa ignorar vícios e crimes de colarinho branco em nome da suposta necessidade de manter a governabilidade. Acabamos de assistir algo assim: não importam os eventuais crimes de corrupção do Temer porque é preciso seguir adiante com a aprovação das reformas e manter a governabilidade do país. Na verdade se trata de esconder a velha prática dos privilégios de classe, do empreguismo, do patrimonialismo e tantas outras falácias nacionais. Fica difícil evoluir com a democracia e os princípios de igualdade de direitos, faltam bons exemplos de boa prática que pudessem servir de base para os mais jovens e as novas gerações. Como vamos conviver com pelo menos 263 deputados que supostamente nos representam no Congresso para fazer o que fazem? Que merda de país é esse? Como sair dessa armação viciosa? Cartas para a redação...  03   08   17


Nossa Democracia Burguesa    27\04\2017

Como se sabe, a revolução francesa foi conduzida pela burguesia ascendente, insatisfeita com os excessos da aristocracia, já mostrando sinais indeléveis de decadência. O povão e a classe média foram apenas massa útil de manobra. Quando o povo resolveu fazer sua própria revolução, foi sufocado a ferro e sangue em 1848 e 1871. A Alemanha teve a tentativa de instalação de um governo socialista bloqueada primeiramente pela socialdemocracia, de perfil moderado, e posteriormente pela violência, com a ascensão do nazismo. Os Estados Unidos já nasceram dentro da concepção politica burguesa, herdeira de uma mistura do liberalismo econômico com o individualismo democrático. Em todas essas vertentes a burguesia prevaleceu vitoriosa, hegemônica. A grande massa, que reúne classe média e povão, está dedicada ao papel subsidiário, de substância ativa. Como parte da filosofia democrática, que orienta suas origens, o sistema fomenta a ideologia e possibilidade formal de circulação entre os diferentes estamentos. Essa ilusão, que contempla minorias seletivas, tem o sentido de alimentar a ideologia e arejar cada categoria com o melhor das demais. 
Vivemos numa “democracia burguesa”, com crenças e regras próprias como a igualdade de oportunidades, que pretensamente substitui a aplicação direta da igualdade de direitos. 
Como as sociedades cresceram e se tornaram diferenciadas, foi preciso adotar a representação política e aí muda muita coisa. Os burgueses tiveram de disfarçar sua dominação e dividir marginalmente seu poder, ou seja, ceder bocados de seu domínio. Obviamente eles escolheram a dedo onde podiam ceder e onde permaneceria intocável. Transitoriamente, quando oportuno ou necessário, decidem entrar diretamente na representação, mas na maioria dos casos elegem pessoas ou grupos que são de sua confiança. Como as eleições são cada vez mais caras, somente o coletivo capitalista pode bancar um número necessário de representantes como garantia para votar os temas essenciais de seu interesse.
No Brasil recente os gastos eleitorais estão sendo mais controlados e a doação de empresas proibida. Isso pode dificultar, mas não impedirá o exercício de poder por parte da burguesia. E é também necessário acrescentar que ela se dividiu em especializações econômicas que podem apresentar interesses eventual e marginalmente conflitantes, mas nunca nos temas centrais. E a vertente dominante, infelizmente, é a financeira.
Enfim, vivemos numa sociedade (o chamado mundo Ocidental) orientada pelo mercado e pelas diferenças de renda. E sempre que possível deverá prestigiar o individualismo, que se expressa mais notoriamente nos esportes e nas artes.
O mundo ocidental foi monetarizado e tudo o mais segue as regras e a lógica dessa fatalidade.


Falta de lógica

Como pode que um problema jurídico (corrupção) seja resolvido por decisão política? Algo grave está errado no reino da Dinamarca.  02   08   17


Faltam Propostas 

Tenho acompanhado com atenção a quantidade de análises dedicadas a entender nossa realidade política contemporânea, todos condenando o estado de coisas, mas ainda não vi uma proposta lúcida e viável de saída desse pântano. A maioria das sugestões e são poucas, cai na ingenuidade da militarização ou do convencimento das elites. Continuo atrás de um milagre.  23   07   17


Substitutos em viagem

Antigamente quando um presidente viajava ao exterior ficava difícil se comunicar
com a base para manter o governo funcionando. Então o vice assumia. Nos dias de hoje, com a revolução nas comunicações e a assinatura eletrônica não há razão para substituição temporária, o presidente não deixa de estar atuando em sua função quando deixa o território nacional. A substituição vira apenas fachada e pagamento de parcerias (propina), para que o vice (substituto de substitutos) possa enriquecer o seu currículo, em geral como agradecimento pela fidelidade. Além do dualismo no cargo, imagino como a criatividade burocrática deve inventar benefícios e direitos adquiridos pelo breve tempo de exercício. Salve o compadrio brasileiro, mas sempre às nossas custas. Cadê a reforma política que sonhamos: menos representantes e menos partidos de fachada.  01\09\17

Depois de Temer fica decretado que a política existe em outra dimensão, tem outras razões que a própria razão desconhece, e nenhum laço de compromisso com a justiça dos homens aqui na terra.  03\09\17

Herança Política Viciosa

No Brasil se pune a herança com imposto severo. Se você trabalha toda a vida, junta algum bem e quer deixar pros filhos ou cônjuge paga um imposto duro de engolir. Então por que esses deputados que deixam sua herança política de mão beijada pros seus filhos e esposas não pagam nada por isso?  02\09\17


Lógica do Impeachment

Nunca assisti a nada tão patético como esse processo. Houve já cinco votações com a mesma tônica, uma farsa de seis meses. E o Supremo legitimou a farsa. Começa que a legislação é confusa e ultrapassada. O próprio Supremo decidiu que cabia ao Senado decidir se houve ou não as irregularidades, mas ao mesmo tempo se dizia que as irregularidades eram uma questão técnica, um paradoxo. Mas todos fingem que está tudo legal. O próprio Supremo aceita ser ofendido por Dilma quando ela afirma que há um golpe e o Supremo não faz nada em relação a isso. Data vênia, a acusação foi muito mal redigida e ainda foi deformada por Eduardo Cunha, que reduziu sua abrangência. A única coisa que impressiona em Dilma é que sua plástica foi muito bem sucedida. 

A verdade entretanto é que ninguém aguentava mais o PT, não pelas falsas políticas sociais (mal sucedidas), mas porque jogou pro alto a imagem de um governo de esquerda. Ninguém aguentava o socialismo por baixo, em vez de fazer melhorar os de baixo para inclui-los na classe média, ele reduziu a classe média para baixo, um socialismo pelo piso. E finalmente aparelhou e destruiu o funcionalismo público. Haveria muito mais a comentar mas vamos ficar por aqui (por enquanto).  30 agosto 2016


Negar sempre

Parece que a bandidagem política aprendeu com a tradição picaresca francesa que ensina negar sempre, mesmo quando apanhado na cama com a amante. Assim sempre haverá um pingo de dúvida e isso é melhor que nada.  O7\09\17


Garfo no trabalhador

Dia da Independência: No dia em que se convencionou chamar “da independência” eu leio estarrecido, mas não surpreso, que os novos (sic) poderes da república querem remunerar o trabalhador por hora trabalhada. Esse é o caminho mais claro e corrosivo para eliminar direitos trabalhistas e tratar o trabalho como mercadoria, regressando aos tempos de Marx no século XIX. Tudo isso é parte da herança maldita do PT, que nos jogou nas mãos do capitalismo abutre comandado por um banqueiro no ministério da economia (que saudade de homens como Celso Furtado!). Justamente nos momentos de crise (o capitalismo usa e abusa das crises, elas estão sempre a seu serviço), com forte desemprego, as organizações trabalhistas (sindicatos) estão fragilizadas e não conseguem enfrentar seu inimigo direto. As reformas não precisam ser sempre às custas do lado mais fraco, mas é isso que acontece. Nesses momentos o poder faz o que é certo, por exemplo, aumentar a idade de aposentadoria para melhorar a curva populacional, e junta um monte de justos direitos para varrer tudo de uma varada só. E o povo já está cansado de ir às ruas e perceber que a leitura que fazem de suas mensagens é sempre distorcida. As passeatas viciosas e remuneradas do PT ajudam no desgaste. Dia da Independência soa quase como um deboche.  07\09\2016

Lula perdeu o senso, defendeu os políticos porque mesmo roubando vão às ruas e enfrentam o povo, enquanto os acadêmicos defendem suas teses e se escondem atrás das paredes das universidades ganhando seu salário para sempre. Justo os políticos que todos se lembram ele chamou no passado de 300 picaretas! Lula precisa se decidir. 16\09\2016 Face


Separação de poderes     05\10\17

Nessa coisa de separação de poderes, que vem lá de trás e precisa ser revista à luz das novas forças politicas e sociais, cabe nitidamente ao Congresso fazer leis, não avaliar e julgar; cabe ao governo promover a felicidade da população dentro das leis estabelecidas e cabe à Justiça julgar as leis criadas pelo Congresso. E ao Supremo julgar os temas de maior relevo, em especial lhe cabe a última palavra na defesa do que manda a Constituição. O Congresso não julga e a Justiça não faz lei. Se a Constituição ou alguma lei expõe sobre o impedimento de um deputado, quem decide é o Supremo. Se algum fato cai no vazio, não tendo lei que o ampare, caberá ao Congresso discutir e criar uma lei correspondente. Qualquer outro entendimento é arranjo de má política, é jeitinho. O resto é o resto, coisa da confusa vida institucional brasileira. 


Triste panorama da política

O que é que eu posso falar sem ser preso por ofensas moraiDa política:  Sei que toda generalização corre algum risco e que o tempo cura muitas feridas, mas não posso deixar de olhar e sentir profunda tristeza pelo panorama da política brasileira, não comparável a qualquer outra época no passado e sem nenhuma perspectiva alentadora no futuro imediato.  Supunha-se que as instituições teriam recursos técnicos e a moral pública nitidez, para que todo indivíduo sobre o qual pesassem  suspeitas levantadas pelos órgãos oficiais, deveria se afastar ou ser afastado até que uma investigação esclarecesse o caso. E que no exercício da função pública, de qualquer natureza, era preciso ser como a mulher de Cesar. No país, entretanto, a corrupção se naturalizou, pela sua abrangência e falta de bons exemplos, e perdeu a vergonha na cara. Sem que os órgãos auditores cobrem suas responsabilidades. E então ficam visíveis as marcas institucionais contraditórias, montadas no passado pelo poder político e econômico para assegurar o domínio que então os beneficiava de nascimento e origem.  O Lava-Jato tem sido muito saudável e um sopro de esperança, mas o lamaçal a ser superado é descomunal.                 11/10/17          


Aécio poderá ser a primeira vítima do Acordão. É o primeiro caso logo depois da decisão do Supremo, o cara não é muito popular, resolve parte dos problemas do PSDB, pode ser retomado posteriormente porque não se trata de expulsão, e o Congresso precisa mesmo mostrar que pode fazer a sua parte, cortar na carne, fazer justiça com as próprias mãos. Paciência, Aécio, não é nada pessoal.                   14/10/17              


Bolsa Família  

Queira ou não Da. Dilma, não há como ignorar que o bolsa-família vem do bolsa-escola somado ao bolsa-alimentação, ambos do tempo do governo FHC, eu mesmo como diretor e em nome da OIT concedi financiamento para o programa inovador do Cristóvão Buarque. Claro que o programa não podia começar com milhões de casos, havia preocupação para que fosse basicamente um impulso para proporcionar ingresso no mercado de trabalho. O bolsa-família tornou-se um programa assistencialista-conservador (para não dizer eleitoreiro) que qualquer governo de extrema direita assinaria. Ele é uma confissão de que os governos passados e presentes falharam e falham em gerar educação, emprego e renda para a população mais necessitada. Na forma atual tem uma grande dívida com o programa renda-mínima de Suplicy, o senador de uma nota só, injustiçado pelo seu partido por não reconhecer esse parentesco.
                16/10/16           



Governo frágil é pior que nada

A fragilidade do governo provisório está causando prejuízos irreparáveis à sociedade brasileira, Todos os prestadores de serviço importantes do país estão aproveitando o momento para pressionar o governo por benefícios imorais e sabem que vão ganhar. Imaginem se esse pífio governo durasse quatro anos! Seria a falência do país. Só num dia nos jornais:  políticos já garantiram impunidade; planos de saúde querem aumentar cobrança dos idosos e baixar valor de multa por prestar serviço ruim ou não prestar nenhum serviço; trabalho escravo não incomoda Temer; aéreas cobram bagagem mas não baixam preços; Instâncias judiciárias batem cabeça; Criminoso é liberado no mesmo dia que é declarado réu; Se não é o inferno, o que é isso?   20/10/17


A saída, onde está a saída?    21/10/17

Bom, já sabemos que esse governo provisório consegue ser pior que Sarney e fica muito longe de Itamar. Sabemos também que a fraqueza do Supremo e o corporativismo do Congresso vão garantir sua permanência até o final de 2018. Igualmente, sabemos que manifestações de rua não dariam em nada, as oligarquias políticas nacionais já bateram o martelo e estão dispostas a usar recursos que historicamente foram forjados para assegurar seus privilégios. E finalmente sabemos que as redes sociais ainda não descobriram como transformar opinião pública em instrumento de poder formal. Resta nos prepararmos para aproveitar 2018. Como?

No horizonte visível temos a candidatura de Alkimin pelo PSDB e coligações. Seria no máximo um governo liberal conservador do tipo Sarney, mais do mesmo, feijão com arroz. Muito longe das necessidades do país que precisa recuperar tempos perdidos. Temos várias candidaturas oportunistas do tipo bala perdida, salvacionistas, que não dariam certo pela fragilidade das estruturas de apoio politico. Temos o retorno do Lulopetismo, que seria uma provocação ás estruturas que se opuseram ao governo passado e certamente o país enfrentaria um clima de conflitos sociais e turbulência política, com a sensação de que rodou, rodou para voltar à mesma canoa furada.  E tem Marina, sempre tem Marina, que nunca demonstrou fôlego para a disputa mas situações mais conflitivas, infla e desinfla no caminho.                                      .                                                                                              
Pelo menos por enquanto não existe uma quinta via. E se houver corre o risco dos acidentes de Tancredo e Eduardo Campos.                                                                                                             
Se Temer fosse um estadista e portanto interessado na construção de um país à altura de nossos sonhos, promoveria um grande debate nacional para gerar novas ideias e saídas para o país.  Mas ele não é esse estadista, nem tem legitimidade para o empreendimento.  Então quê? 

Um novo modelo político que estimulasse a participação e organização política desde os rincões do país e desde a juventude. Algo de cima para baixo e de baixo para cima, otimizando os recursos e a inteligência nacional. Obviamente estaria estruturando uma educação transformadora, uma saúde que somasse alimentação sadia, atividade esportiva e cultural, com espaços públicos de lazer, medicina preventiva e hospitais públicos de qualidade.
Como não se pode esperar isso de Temer, só nos resta o milagre de nossas verdadeiras elites despertarem e assumirem a responsabilidade que por definição seria de sua competência.

Quando Rodrigo Maia proclama que depois da farsa da confirmação de Temer “O Congresso vai votar!”, fico preocupado. Na verdade gostaria que esse Congresso não votasse mais, até agora não votou quase nada que prestasse. E Maia certamente vai querer mobilizá-lo em favor de seus interesses eleitorais. O país pede sensatez, matéria ausente na atualidade, depois que um ministro do Supremo confirma que os políticos serão juízes de seus próprios crimes. Agora mesmo, para facilitar a farsa juntaram o julgamento dos ministros com o do presidente, para crimes de origens diferentes.  Botaram tudo no mesmo saco para economizar tempo e reforçar o projeto de Rodrigo Maia, de se concentrar em mais votações. O país que aguente.  25\10\17


Previdência Social

Argumentos falaciosos contra a Previdência

Como tem acontecido com frequência os argumentos financeiros do governo são absolutamente falaciosos. Quando apontam os déficits da previdência não consideram que a geração da riqueza é atualmente apropriada por uma minoria de bilionários e a distribuição é consequentemente viciada. Os argumentos consideram apenas que o número de trabalhadores, que vai sendo reduzido pelo avanço tecnológico, não poderá dar conta dos gastos com o pagamento dos aposentados quando o que deve ser considerado é a crescimento da própria riqueza do país. É um caso de notória falácia ecológica como diria qualquer bom metodologista.  11  08  17

A trágica ironia é que os famigerados deputados podem se sentir agora obrigados a votar a apressada reforma da previdência para provar que tinham de manter Temer para levar adiante as  reformas "necessárias".    07   08   17

O problema da aprovação de Temer é que ele acha que tem de marcar o governo dele com alguma coisa grandiosa e a Previdência poderia ser esse grande prêmio. Temer não tem noção do significado da Previdência para uma nação. Acha que é apenas um cálculo atuarial, como para Meireles é apenas uma conta corrente. E o atual Congresso não tem legitimidade nem dimensão política para a tarefa. 

Previdência é um instrumento de Pacto Social, pelo qual se estabelecem direitos e deveres de toda uma sociedade. Mais estreitamente é um recurso que dá à produção do país seu sentido humano e o estímulo para a produtividade, enquanto é também o modo como uma sociedade enxerga sua responsabilidade com seu passado e futuro, a solidariedade nacional.
Os comentaristas econômicos e políticos de plantão também não estão à altura do tema e suas contribuições à discussão não correspondem à verdadeira dimensão requerida. 
A Academia também encolheu e eliminou de seu universo a Economia Política de que tanto falavam seus antepassados. Em resumo, o tema requer uma grande discussão alimentada pela inteligência do país e condimentada pela participação nacional. 
Infelizmente vai ser mal costurado por um governo equivocado e sem dimensão estratégica.   25/10/17


Reparem que só falam de reforma dos sistemas ligados a benefícios sociais: trabalhista, previdenciária...
E todo o resto do país e do governo? O corpo jurídico? A reforma política real?? O lucro dos bancos?
O que está sendo tramado é golpe contra a cidadania.


O atual governo, incluídos os órgãos legislativos, não tem credibilidade para tocar uma reforma tão transcendental. Um mandato contestado por boa parte da população e um clima político confuso e fragilizado, não configuram um parâmetro claro e seguro para tomadas de decisões tão importantes. E mais grave, essa iniciativa não se justifica na pressa do momento porque seus efeitos serão de longo prazo, portanto não faz sentido a urgência, sem discussão com a sociedade. O argumento do ministro da Fazenda é falacioso, a reforma não altera nada as condições de retomada atual do crescimento. Não está demonstrado o perfil do chamado déficit, os dados globais escondem a verdadeira realidade. Falta transparência na demonstração do chamado déficit. O que existe é a pressa do governo para aproveitar o clima de crise e emplacar reformas que sacrificam indistintamente ganhos legítimos da sociedade ao longo de anos de luta. Se esse governo quer ser Itamar cada vez mais parece Sarney.


Separação de Poderes / Nosso Supremo (sic)

Dúvidas que não querem calar: O Supremo tem competência para abdicar de suas competências? Entendo que só uma assembleia constituinte a teria, portanto o infeliz voto de Dra. Carmen pode ser nulo (como os demais).  A decisão do Supremo não provocou insegurança jurídica? Olha agora a enxurrada de propostas indecentes para anular decisões anteriores da Justiça? 
A política estaria isenta das obrigações legais?  

Há mais coisas a se explicar nesse Supremo: como conseguiram reunir na mesma junta todos os que pensam igual, criando quórum para todas as decisões de interesse deles?
Não dá para levar a sério, um ministro pede vista e um julgamento importante cessa. Há prazos para essa vista, mas não se cumpre. Então uma decisão crucial para o país fica eternamente, em tese, esperando as graças de um ministro, que nem precisa se justificar. Dá para levar a sério?

Na verdade, depois que Dra. Carmen Lucia entregou o ouro, a gente já não espera nada dali mesmo.
Ainda bem que o sol voltou nessa manhã de domingo.   12\11\17

Eu tinha muita expectativa com a Dra. Carmen Lucia na presidência do Supremo (sic), esquecido da advertência do saudoso sociólogo francês Pierre Bourdieu de que as mulheres vêm felizmente assumindo cargos de mando nas hierarquias, mas ainda prevalece o machismo ancestral que faz com que o cargo exercido perca força com essa assunção. 19\12\17


Como explicar que suas excelências do Supremo tenham tempo de se ocupar de uma liminar para uma pessoa comum no Rio de Janeiro? Será que estão com a agenda em dia e sobra tempo?

21\03\18
Quem são esses senhores do Supremo (sic) que se empenham tanto, com tanto vigor, para estabelecer mais espaço em favor dos que prevaricam com o dinheiro público? Será que acham que estão fazendo justiça? Porque defender o interesse público e coletivo tenho certeza que não. Afinal, como posso entender que qualquer assunto tenha de chegar ao Supremo como última instância?! Creio que apenas aqueles casos que contenham forte ameaça à constituição teriam o Supremo como última instância. Por que os STJ em decisões coletivas não podem ser última instância para casos de direito público? Existe alguma suspeita de que os senhores desembargadores não têm capacidade de fazer justiça? Não me parece que a ferocidade com que alguns ministros se jogam às prorrogações que se sabe de antemão apenas representam retardamento da justiça possa ser justificada. Que pensam esses senhores que estão fazendo?


Precisa ainda duvidar que o Supremo funciona sem rumo e cada caso é um caso?

Praticando o casuísmo o Supremo toma o lugar do Congresso. Creio que foi uma troca pela concessão ao Congresso da propriedade de fazer justiça!
Marcelo C Os aloprados petistas, a esquerdinha burguesa e os poderosos que estão na fila para a cadeia, estão enfeitiçados pela obsessão de livrar o Lula da cadeia. Mas é um jogo arriscado no médio prazo. Nesse desiderato insano, estão configurando um cenário que joga a presidência no colo do Bolsonaro e dão as justificativas para uma intervenção militar. Esticar corda tem limites e estes ensandecidos não têm limites.
Acho seriamente que o espírito das leis está sendo violentado no Brasil. Se todo cidadão, bandido ou não, que se sentir prejudicado puder ir até o Supremo, convenhamos que o Supremo não dará conta jamais do serviço. É justo que um bandido, mesmo bandido, possa esgotar os recursos legais para se defender antes de ser condenado. Mas quem disse que todos os casos precisam terminar legalmente no Supremo? Afinal temos cortes altamente qualificadas para julgar em tribunais superiores. Não tem de chegar tudo ao Supremo. E porque tem de ficar o condenado livre em primeira instância, se ele representa uma ameaça até para quem o incriminou? Então, senhores ministros, vamos falar sério?
25\03\2018

Chamam de esgotamento de recursos. O tribunal que assegura o limite de recursos aos réus é a segunda instância em tribunal pleno. O Supremo é um tribunal de apelação, mas apenas quando há sólidas suspeitas de que a Constituição foi violentada. Assim, os recursos devem parar naturalmente na segunda instância, não tem como parar tudo no Supremo. O resto é aquela estória do jeitinho brasileiro.  02\04\18

O Supremo teve a chance mas entregou o ouro no último minuto e abdicou de suas prerrogativas.12\10\17


Marcelo Cavalcante Cavalcante   Convivi com poucas pessoas polidas, centradas e contidas. Depois do Calado, vem você (JCA). Mas se o seu problema é com as ofensas morais, deixa que eu chuto: "Vai ver o Aécio estava na tal suruba e foi quando ficou sabendo que ele se sentia constrangido de cheirar em casa no período noturno". Pode ser que aquele julgamento teve o resultado que assistimos, pois levava em conta apenas um desconfortozinho do senador, já que o desconforto de milhões de brasileiros já é coisa banalizada, sem importância alguma.

João C. Alexim   A situação é a seguinte: se os políticos com mandato já desfrutavam de incríveis privilégios e têm se mostrado donos do país, agora eles estão acima da lei e podem prevaricar à vontade. Nunca mais nenhum deputado ou senador, ou governador será preso ou perderá o mandato, a menos que seus pares não gostem dele. Se já havia corporativismo agora o corporativismo ganhou mais força ainda porque vale prêmio. Tem uma vantagem: agora o Supremo poderá se dedicar a julgar cidadãos comuns como nós.

João C. Alexim O mais difícil de engolir foi a indisfarçável satisfação dos que se intitularam vitoriosos e comemoraram o resultado com entusiasmo!



O modelo de estratégia de tomada do poder  15\11\2017

Gente, não há nenhum mistério no fenômeno do “mensalão” e outros similares. Quando estávamos na universidade e fazíamos política estudantil desenhávamos muitos projetos de poder e sempre partíamos do princípio de que teríamos de usar a corrupção intestina da burguesia como única forma de chegar lá. Então era encontrar o caminho para usar a corrupção “deles” como instrumento para chegarmos lá. Ou seja, os fins justificariam os meios, nossos fins eram “justificáveis”, usar o poder para eliminar as distorções do sistema burguês, combater a pobreza, a desigualdade, promover uma sociedade igualitária, mais justa. O que não deu certo? Bom, apesar de abrir os francos para o PT chegar lá, exigiram “uma carta” que foi cumprida a risco por Lula. Houve todo tempo dois governos, o de Meirelles para o andar de cima e o de Lula para o andar de baixo (de novo agradeço ao Helio). Meirelles doou um pedaço do cofre para Lula fazer sua gestão de baixo, desde que não tentasse tocar no andar de cima, que não era a praia de Lula. Toda vez que Lula tentava beliscar o andar de cima, uma dessas agências fajutas de risco concedia mais um crédito para Meirelles, e isso era uma advertência para Lula (podem fazer a verificação com os dados existentes e vão comprovar essa correlação, eu a segui de perto). O que houve então? O desgaste do poder, a facilidade do modelo que deu muito certo por um tempo. Lula esqueceu que o segredo tinha de ser confiado com o outro lado, que não tinha as mesmas convicções. O facilitário contagiou todo tipo de espertezas e saiu do controle.
Podíamos seguir adiante, mas o Face não é mesmo o instrumento disso e eu me desculpo pelo abuso. Não pretendo reincidir. Ainda mais num sábado de manhã, apesar da chuva.


Fairplay na Política

A  corrupção é também uma forma de jogar sujo na concorrência política.
Todos os candidatos a cargos eletivos que foram derrotados e puderem provar que não receberam verbas ilegais poderiam entrar com recurso na Justiça Eleitoral porque foram prejudicados e as eleições foram absolutamente irregulares. A maioria dos eleitos em todo o Brasil o foi certamente de maneira irregular. Todo político citado em depoimentos e com mínimas possibilidades de ter usado recursos ilícitos devia ser afastado para ser investigado. Picciani, por exemplo, solto até o final do mandato, se tiver alguma culpa no cartório vai poder tornar impossível qualquer necessária investigação. Quando será que esse país vai poder tomar jeito.  19\11\17


Problemas de um Governo Provisório

Depois que Temer garantiu sua permanência no poder até 2018 e sabendo que não pode almejar maior futuro, não há mais nada que o impeça de praticar o que quiser. Por que será que insiste tanto em reformar a Previdência? Não é certamente para consertar sua imagem, porque essa não tem mais salvação.   23\11\17

Os políticos deste país, que não são definitivamente meus políticos, não me representam, costumam justificar suas falhas morais alegando que não fizeram nada fora da lei. Ora, se nos querem representar precisam ser também éticos, porque cumprir as leis e regulamentos, feitos por eles para se proteger, não tem mérito algum. Bolsonaro precisa entender que não basta estar dentro da lei, tem de mostrar que cumpre uma ética cristã, humanista e republicana.   3\12\17     

Pelas notícias na mídia televisiva, as agências de notícias e publicidade estão enchendo os cofres de dinheiro para soprar boas novas para a população, sejam ou não verdadeiras.

As práticas do governo Temer ainda são permitidas? Então não valeram de nada as manifestações de opinião da sociedade? Parece que esse governo não tem limites. E alguém acha que o Sr Temer vai ser processado depois de deixar o governo? Se ele seguir assim não vai ter instituição de pé para cumprir a tarefa.

O Governo tenta convencer os deputados que no tempo de FHC os que votaram na reforma da previdência foram eleitos, esquecido que já se passaram mais de 20 anos e o eleitor dispõe hoje de informações. E se prega fechar questão nos partidos para dar desculpa aos deputados, ignora que o eleitor pode decidir não votar em partido que patrocinou essa reforma apressada e não discutida com a sociedade.
Governo faz propaganda enganosa quando afirma que reforma vai corrigir privilégios e omite que os injustiçados vão também ser rebaixados. As viúvas, por exemplo, vão perder metade da pensão. E governo não devia poder fazer propaganda, que não tem obrigação com a verdade, apenas publicar resultados.
Toda vez que se articulam as forças lá de cima, o povo vai pagar a conta. Começar a reforma (sic) pelo corte de benefícios é grande cinismo e autoconfiança como classe dominante. Reforma previdenciária devia ser a última coisa que se fizesse. Primeiro tem de mostrar que a reforma é para todos. Quando começa a dizer "esse não entra, aquele entra" a gente tem certeza que a reforma é contra a gente.

09\12\2017 
Ideologicamente nossa situação é extremamente grave com o atual governo.  O substrato social do país está debilitado e não consegue se opor às atrocidades políticas que são praticadas em cada ato. Alguém botou rodriguianamente na cabeça de Temer que ele tem de  fazer as reformas a todo custo e então ele, que não tem mais nada a temer, sobretudo com a renúncia do Supremo,  corrompe todo o sistema político atrás de suas convicções. Em verdade ele dá um discurso a Lula, joga a favor da volta de Lula. Tudo isso no auge da revolução tecnológica, que tem o efeito de uma bomba atômica no mundo, com notável poder de concentração da riqueza transformando a grande maioria da sociedade planetária em exército de reserva.  É muito grave o que estamos vivendo hoje. E antigos poderes, como as Centrais Sindicais, não estão preparadas minimamente para oferecer alternativas. (to be continued)

Um governo provisório, com pouco tempo adiante, não tem que se meter a fazer grandes reformas, grandes transformações, não tem mandato e legitimidade para isso. Sua tarefa é levar o barco formalmente até o porto de novas eleições, Se ainda quer fazer alguma coisa útil é fazer valer as leis atuais e corrigir distorções na prática estatal. Por exemplo, impedindo que os juízes abusem de sua autoridade e interpretem as leis a seu favor, como no caso dos salários recebidos acima do teto. Como no caso de seus colegas políticos que recebem mais de 15 salários e desfrutam de um monte de subsídios indevidos que a sociedade vive condenando, sem forças para impedir.  Pode também fazer uma campanha para que os devedores de impostos os paguem, especialmente as grandes empresas que não pagam ao INSS.  Pode também obrigar que os condenados no lava-jato expliquem de onde tiram o dinheiro para pagar seus gananciosos advogados.  Enfim, teria muita coisa que fazer sem agredir os mais desfavorecidos da sorte, e sem cortar a pensão das viúvas do INSS, como se elas estivessem ameaçando o futuro da previdência no país. E então pare de fazer propaganda enganosa na tevê com nosso dinheiro.  17\12\17



Um Programa Mínimo Republicano   09\12\17

Os amigos sabem que meu foco profissional foi o jornalismo no começo de vida e depois, como sociólogo e diretor da OIT, foi o mundo do trabalho. Fui o criador do SINE (Sistema Nacional de Emprego) e como secretário nacional das relações do trabalho coordenei a elaboração da Declaração Sociolaboral do MERCOSUL. Sinto-me por isso tocado para falar um brevemente da realidade atual referente às reformas assumidas pelo governo de plantão. Primeiro é estranhável a escolha dos temas, quando um mundo de desvios administrativos governamentais fica ignorado, como também o valor dos desvios de verbas e subsídios a empresas e perdão de dívidas ou mesmo falta de cobrança de dívidas, sobretudo com o INPS.  Ou seja, com tanto dever de casa para fazer, o governo se mete com oportunismo a atacar exatamente a parte mais fraca da relação capita-trabalho. Em momentos de crise econômica não se pode falar em reforma trabalhista ou previdenciária, justo porque as partes não estão igualadas em poder de pressão. Não digo que não fosse necessária uma reforma trabalhista e mesmo previdenciária. Mas dada a importância vital dos dois temas para a maior parte da sociedade brasileira, uma reforma precisaria ter um tempo de preparação, outro de amplo debate participativo e qualificado, transparência dos dados necessários e consideração sobre outros aspectos fortemente relacionados com os dois temas, pois eles não autônomos na estrutura governamental de deveres e benefícios. Por exemplo, se o país desfruta de bons serviços públicos de educação, saúde lazer, os rendimentos e benefícios diretos do trabalhador podem ser flexibilizados em favor dos custos de produção. Mas nas circunstâncias atuais com tudo desfavorável, emprego, educação saúde, segurança, cortar recursos dos aposentados, por exemplo, é pura maldade e não se enquadra na propaganda oficial de reduzir privilégios. Apenas em respeito à necessária brevidade desse instrumento vou ficando por aqui.



O Brasil vem rasgando todos os tratados de política. É tão inacreditável o que a gente vem assistindo todo dia no noticiário que estamos desenvolvendo uma espécie de véu que nos faz acreditar que nada está acontecendo e tudo isso é uma grande ilusão que logo se esclarecerá. Ou uma espécie de vacina que nos faz sentir que sempre foi assim e não há o que estranhar. Tudo está como tem de ser no mundo do possível. Baixa o telão, por favor!   6\01\16



Convenção do PSDB não empolga, exala o hálito conservador. 

Alkmin começou mal, expondo-se na declaração oportunista de apoio explicito às reformas capitalistas do Temer, e FHC se repetindo na afirmação do passado quando disse preferir Lula agonizando na eleição seguinte. Lula deu a volta por cima e engoliu o candidato do PSDB.   Alkmin teria feito melhor se acenasse para uma reforma previdenciária como sua agenda de governo, não como está sendo feita agora, mas com as marcas de um compromisso democrático do partido. Não o fez. O partido deixou clara seu perfil como o PMDB do bem.  10\12\17


A
 mídia é hoje um dos poderes mais fortes em todo o mundo. 

Quem manda na mídia manda no universo que ela alcança. O problema com a mídia é que, em última instância, mistura jornalismo com publicidade, nem sempre identificando cada caso. A encomenda de notícias e reportagens propiciadoras de expectativas positivas é vendida como uma obrigação moral com o país. E às vezes coincidem mesmo os interesses, para o bem e para o mal. O enfoque positivo por encomenda se chama merchandising. Ele aparece geralmente disfarçado na notícia e até no enredo ficcional, e pode chegar por vezes ao subliminar. Os sinais desse evento são já notórios na nossa mídia, o faturamento deve estar dobrando ou triplicando. O país vai chegar no ano que vem com “fortes sinais de que se  está recuperando mais rapidamente que o esperado”. Os resultados desse governo vão começar a ter força eleitoral no momento desejado. Infelizmente. Alkimin percebeu isso.  12\12\17



A Má Política do Congresso

É inacreditável que o Congresso pratique abertamente o troca-troca e em nenhum momento se levam em conta os problemas e objetivos superiores do país. Onde estão as autoridades encarregadas de zelar pela moral e os bons costumes? Quem deveria defender a saúde do país que não aparece nas fotos? Onde estão as corregedorias?????? Eu posso responder: quem construiu o arcabouço legal e institucional o fez para se proteger, a si mesmo e não ao povo ou ao país. Punem-se, quando se pune, individualmente, mas não se reformam as regras e os alarmes permissivos. Nessa farsa Temerista nenhum privilégio real foi ou será tocado. Como um pianista de uma nota só (lembram do Suplicy com a renda mínima?) ele só enxerga trabalhadores e pensionistas. Ou seja, do meio para baixo. 14\12\17

A sociedade brasileira está enferma, na CTI.  Para todo lado que se olhe dá para ver que as coisas não andam bem, o carro está fora dos trilhos. Tudo consequências de muitos anos de desmandos das autoridades que seriam encarregadas de conduzir com virtudes o país, e não o fizeram, muito ao contrário.


Nomeação de ministra

O incontornável secretário de governo tem razão, a nova ministra do trabalho vai enriquecer o já notável plantel de ministros desse governo, ela representa a mulher brasileira, tem sólido cartel político familiar e já acumula experiência no trato com a justiça do trabalho com quem poderá ter de se enfrentar em função de suas novas responsabilidades.   05\01\18


O nosso Planeta está enfermo e sangra

Temperaturas batem recordes e não se vêm esforços significativos de preservação das matas e despoluição das bacias hidrográficas.

A humanidade está socialmente enferma. Continuamos com três bolsões sociais estanques, as elites endinheiradas, as classes médias hesitantes e a pobreza resistente. O mundo ocidental, que comanda as decisões do planeta, mostra total descompromisso com o futuro da humanidade. As elites continuam em seu baile da ilha fiscal, sem grandes lideranças virtuosas, já sabem que não haverá tempo tecnológico para construir uma ponte salvadora para outro planeta, e vêm ruir seus templos de segurança, a Europa civilizada e os EEUU rígidos em seu controle social. As dramáticas projeções de futuro nas ficções hollywoodianas já podem ser vistas aqui e ali pelo mundo afora. 
A França já não possui o dom das grandes filosofias que nos orientariam com segurança para um novo mundo (saudades de Rousseau...), e a Inglaterra, depois dos Beatles, não produz mais novos cenários culturais aglutinativos. O abalo é geral e no caso brasileiro não temos mais a janela para olhar os exemplos externos que nos davam esperanças. O mundo está ruindo. O que se aproxima e dá sinais (ovos da serpente) é o salve-se quem puder, o vale tudo de um UFC que extrapola o quadrilátero e transforma as cidades em reality shows.
A última batalha com o socialismo foi ganha na Alemanha dos anos 20 e quando foi preciso a direita usou da metralhadora e exterminou Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, assegurando a supremacia capitalista e logo a fusão do capital industrial, liberal, com o capital financeiro, oligárquico, das indústrias com os bancos, e fomentando a participação do trabalhador como bucha de canhão na Grande Guerra, que não lhe convinha e de onde não tiraria nenhum proveito.
Consolidada a dominação capitalista no mundo ocidental, faltou caráter e nobreza aos burgueses para exercer a liderança com dignidade e responsabilidade social. Tornaram-se soberbos e inconsequentes. 
O resto é o resto. Já basta para um fim de semana de 40 graus.
Vamos à praia, que ainda nos resta



Lula

Acho necessário o julgamento do Lula como um passo na direção da transparência democrática e demonstração exemplar da luta contra a corrupção. Mas não me trás nenhuma alegria e nem vou comemorar o eventual resultado. Tudo isso me dá muita tristeza. Todos os partidos políticos existentes no panorama nacional ficam muito atrás do que foi a concepção original do PT. Se o PT perdeu o rumo, não quero perder a semente por ele plantada.  Os políticos que estão à vista para a presidência são pífios exemplos de nossas necessidades. Nenhum tem um projeto para reduzir a espantosa concentração da riqueza, nenhum tem um projeto de país que busque a igualdade de oportunidades, nenhum tem um projeto econômico que fuja da ortodoxia exemplar na cabeça de Meireles ou Gustavo Franco ou semelhantes, todos concentradores de renda e usuais redutores da produção como instrumento de ajuste capitalista.
Que o Lula seja advertido na fora da lei, não se pode prevaricar no poder, mas não vamos atirar junto pela janela a esperança que em algum momento foi projetada pelo PT para mudar a rotina determinista da vida brasileira.  24\01\18

Nossa capacidade de suportar

Nós afinal já customizamos o absurdo, vulgarizamos a marginalidade, engolimos a rapinagem dos políticos e administradores da coisa pública. Mas se pararmos um minuto para refletir, que merda fizeram desse país?! Convivemos com bandidos que cruzam com a gente nos sinais e nas esquinas, vemos todo dia um gestor publico ser descoberto na gandaia, e imaginamos quantos outros não foram ainda descobertos. Vivemos a impotência de não saber como parar com tudo isso. Corremos o risco de nos virar baratas. Proponho que não deixemos um dia sequer de indignar-nos. Mesmo sabendo que não vai adiantar até que outras coisas aconteçam, vamos exercer nosso dever de ficar indignados com a torpeza de empresários, comerciantes, políticos e gestores que se apossam de bens públicos. Quantos Moro seriam necessários? Felizmente as transformações sociais nunca tiveram autoria, elas acontecem e só se explicam depois, vamos manter a esperança de um acaso. A coisa pública é sagrada, não pode ser objeto de astúcia da bandidagem. Qualquer dano a um bem público pode ter consequência para milhares de indivíduos. Vamos parar de imaginar que desvio de recursos é apenas crime eleitoral.  28\01\2017

É duro ter de aguentar o discurso falacioso de Temer, sem contestações. 

A mídia tinha a obrigação de colocar algum comentarista qualificado para pontuar as afirmações de Temer. Mas acho que é querer demais.
Quando ele afirma que faz justiça igualando os valores de aposentadoria do serviço público e do INSS ele deixa de informar que o faz jogando todos para baixo.  A propaganda do governo, massiva, é que os pontos da reforma estão esclarecidos, o que é mentira, não há nenhuma discussão da matéria com a população.
Quando afirma que vai limpar o nome usando seus seis meses de governo depois de aprovar as reformas, temos o que poderá fazer usando do poder da presidência, pois apesar de afirmar que seus detratores estão presos omite que seu processo na Justiça, em tese, está apenas suspenso e se o país estiver razoavelmente funcionando em 2019, ele estará respondendo criminalmente. 29\01\18

Éramos felizes e então votamos no PT. Deu nessa incrível merda. O que não quer dizer que os partidos burgueses nos trariam o céu, mas não fariam tanta merda, o PT não deixaria.  30\01\16

O governo e Temer pessoalmente fazem uma campanha feroz de propaganda, com afirmações simplistas, falsas e incompletas em favor da reforma da previdência. Eu estranho muito. Temer tem mais de 20 anos de mandato e nunca moveu uma vírgula a favor da previdência, e agora se lança com todas as forças e todos os meios legais ou ilegais, reais ou falsos e faz compra notória de votos, num esforço jamais visto para a aprovação de qualquer outro projeto. Como Temer não é um patriota, o que será que o move tão determinadamente?  Ele não diz ou desconhece que as dificuldades maiores da Previdência decorrem da falta de crescimento e geração de empregos no país!  Ele afirma que tem esclarecido as dúvidas, mas na verdade não houve nenhum diálogo com a população num tema que importa a todo mundo. Ele quer fazer na marra em poucos meses o que nem FHC ou Lula ousaram fazer, pelas implicações sociais que estão envolvidas.  Enfim, de onde vem esse envolvimento tão absoluto do Temer com essa reforma que prejudica mais que ajuda, corta recursos das viúvas, mas mantém privilégios de fortes grupos de pressão.
Acho que Temer abre uma porta para a riquíssima linha empresarial da saúde complementar, a que se obrigam as vítimas do INSS, porque as pensões não dão para manter o padrão de vida familiar. É grave a situação. 3\2\18
24\02\2016

É um absurdo e um crime que o serviço público brasileiro tenha sido ocupado por indicações políticas. Somente o concurso público devia estar autorizado a indicar servidores públicos. Que os políticos voltem a seu lugar, os partidos políticos,o Congresso e as câmaras federal, estaduais e municipais. E já é muito, nem precisava tanto.

Oposição é necessidade

Nenhuma Democracia de verdade sobrevive sem Oposição. No Brasil estivemos nos últimos 12 anos sem oposição, seja pela vocação do PT de partido único, seja por incompetência dos outros partidos, sobretudo PSDB, que seria o mais chegado a esse dever. Ainda é tempo?  02\03\15

Duas caras da mesma moeda   06\ 03 \ 16

Lula e FHC são duas caras da mesma moeda. O desenho partidário de hoje reproduz o de velhos tempos quando o PSD estava para a classe média e o PTB para o povão. Com essa distribuição as elites mantinham o controle completo da sociedade, como é de sua vocação.

Essa mesma fórmula funciona nos dias de hoje: o PSDB cuida da classe média e o PT cuida do povão. Ambos obedecem a uma mesma lógica elitista. Ou alguém pensa que o PT é um partido de esquerda de corte socialista? 
Dirão que o PT foi criado de forma autônoma por uma mescla de sindicalistas, intelectuais e igreja, tudo bem, mas isso foi possível porque estava dentro da expectativa da lógica elitista de sustentação do controle social.
Quando o PT se entusiasmou no caminho e pensou de forma radical precisou lançar a Carta aos Brasileiros. E o que é a carta senão uma promessa de trabalhar dentro dos parâmetros do capitalismo. Em nenhum momento Lula ousou um salto político. E mais, cumpriu fielmente o prometido colocando todo nosso dinheiro nas mãos do neoliberal Henrique Meireles. Da total confiança dos militantes petistas? Não, um homem do sistema financeiro internacional que poderia ser ministro do PSDB. E trabalhou os oito anos com juros altos, apesar da crítica de Lula aos juros altos de FHC. Com rigor podemos dizer que Meireles cuidou do andar de cima com Palocci, e Lula cuidou do andar de baixo, conforme sua vocação. Um governo dual que foi viabilizado pela enxurrada de recursos trazidos pelas commodities.
Mas o modelo distributivo de Lula não podia ser para sempre, os recursos fatalmente se exaurem no tempo, foi o que aconteceu, agravado pela baixa da matéria–prima.
Ironicamente o período de governo petista mais próximo de suas origens foi o primeiro governo de Dilma, quando o fator neoliberal foi eliminado. Infelizmente, para Dilma, o sistema de governo já estava contaminado: os aliados já estavam na prática sistemática da corrupção, já sem precisar prestar serviço; as commodities não rendiam como no passado; O PT estava internamente dividido em facções.
Lula e FHC cultivam amor e ódio, têm uma profunda admiração mútua. Lula inveja o estilo intelectual de FHC e este o carisma de Lula, a capacidade dele se aproximar do povo. FHC elegeu Lula por satisfação e vaidade, sacrificando o “amigo” Serra.
O milagre de Lula na retirada de milhões de pessoas da miséria, foi possível por um detalhe perverso de FHC, que separou o destino do salário mínimo do destino dos aposentados, foi um algoz dos velhinhos, Lula não teria coragem de fazer isso, mas não mudou a decisão de FHC, se aproveitou dela para descolar de vez o salário mínimo e inserir milhões de brasileiros, não num processo de matiz socialista, mas no mercado capitalista. FHC ia fazer isso se tivesse mais tempo.
Como se sabe, o bolsa-família também é uma dívida do Lula com FHC, que apenas não teve tempo de fazer o que Lula fez. O bolsa-família no modo como é praticado, constitui um programa social que qualquer partido de direita teria prazer em fazer. 

Se o PT fosse um partido de esquerda estaria exibindo um programa de saúde universalizado e de alta qualidade, não o fez, ao contrário, destruiu o pouco que havia e o único sistema de qualidade feito pelo PT foi o Sírio-Libanês, para uso próprio e dos amigos.
E teria construído um sistema educativo público de alta qualidade, em vez de dar bolsa de estudos nas escolas particulares da elite, transferindo recursos para estas. O que ele fez é um típico programa de partido de direita, com o tradicional processo de cooptação dos melhores cérebros pelas elites. O mesmo que os americanos fazem com os melhores cérebros brasileiros oferecendo-lhes bolsas de estudos em suas melhores escolas.
FHC faz suas escolhas na crença de que estimulando as elites os pobres serão beneficiados por um processo em cadeia, afinal são os ricos que investem em empresas que dão empregos e produzem bens. 

Esperava-se que Lula induziria um modelo de baixo para cima, investindo fortemente em educação e desenvolvimento microrregional. Não o fez, investiu em grandes empresas como multiplicadoras, ao velho modelo conservador.
Extratos da carta: Será necessária uma lúcida e criteriosa transição entre o que temos hoje e aquilo que a sociedade reivindica. O que se desfez ou se deixou de fazer em oito anos não será compensado em oito dias. O novo modelo não poderá ser produto de decisões unilaterais do governo, tal como ocorre hoje, nem será implementado por decreto, de modo voluntarista. Será fruto de uma ampla negociação nacional, que deve conduzir a uma autêntica aliança pelo país, a um novo contrato social, capaz de assegurar o crescimento com estabilidade. Premissa dessa transição será naturalmente o respeito aos contratos e obrigações do país. A estabilidade, o controle das contas públicas e da inflação, é hoje um patrimônio de todos os brasileiros. As mudanças que forem necessárias serão feitas democraticamente, dentro dos marcos institucionais.

Marcelo Cavalcante Cavalcante Estava escrevendo um artigo, no qual buscava analisar este turbilhão desembestado de desentendimento da realidade. O Alexim vem com este texto e me poupa o trabalho. Claro e elegante como jamais fui capaz.
09\03\18 Os sucessivos equívocos no ministério do trabalho mostram bem a falta de importância que o governo atribui ao tema. Lamentável mas pior ainda a falta de competência dos sindicatos e de suas lideranças centrais. No Brasil o trabalho foi pro brejo!


Como convencer o amigo   06\04\18

Ricardo, sei que você é sincero e como te respeito vou comentar, Lula como presidente com amplos poderes não fez a revolução que se esperava dele na promoção dos mais pobres, O Banco Central dele foi o Meireles com toda independência e governou o andar de cima com o maior liberalismo. Deixou Lula fazer sua política distributiva, mas não as transformações estruturais que seriam necessárias. Perdemos com Lula uma oportunidade histórica e queimamos a chance de termos um governo de esquerda no país. Eu não o prenderia pelas quinquilharias que o Moro acumulou, isso é nada perto dos danos políticos e talvez das comissões que pode ter ganho nos negócios externos da Odebrecht. Eu contrataria uma empresa externa para investigar quem levou as comissões que todo negócio capitalismo inclui de cerca de 10%, e ele vendeu obras monumentais (sem falar do mau uso do BNDES) usando seu prestígio presidencial. Podia me estender mais se você tiver interesse, eu não entendo só das parcerias sujas do Flamengo. 


7\04\2018
A prisão de Lula, embora juridicamente correta, não me faz feliz. Lula foi (digo foi) a maior liderança política da esquerda brasileira e depositário de notáveis expectativas para a população menos servida do país.  E não creio que essa prisão encerre o ciclo de sua carreira política, ele já renasceu de situações igualmente graves. E tem fôlego para isso.
O país vive atualmente seu pior momento em sua história recente e não vejo novas lideranças com capacidade para aglutinar as forças sociais necessárias para formar um governo voltado para o país e não para interesses sectários.  Os políticos tradicionais, quase todos tocados pela operação lava-jato, quase todos com alguma dívida inconfessável  com a nação, já cuidaram de preparar as leis eleitorais para continuar dominando as listas políticas, sem deixar muita margem a novas lideranças. Vamos ter mais do mesmo nas eleições do fim do ano.   Seguramente virão os filhos, cônjuges, parentes próximos, reafirmando as capitanias hereditárias em que transformaram a vida política do país. 
Lula poderia e deveria ter sido a virada, era o novo sindicalismo que romperia com os viciados pelegos da velha prática sindical. A evolução do sindicato para o partido foi uma possibilidade bem aproveitada e por algum tempo o PT foi a única novidade no cenário partidário brasileiro.
O PT, talvez pressionado para se comprometer com o sistema dominante como condição para assumir o poder, provou da velha e viciada forma de governar, com a distribuição de lotes da administração pública. O PT foi fundo ao poço, tanto assim que algumas lideranças mais sólidas se afastaram ou foram afastadas do partido.
Voltando à atualidade eu me pergunto: com a quase totalidade de políticos aliados do PT e o próprio PT envolvidos comprovada e confessadamente no roubo (ou desvio, se preferem) da coisa pública, portanto nos roubando a nós e toda a sociedade, não parece provável que Lula seja a única flor a brotar límpida no pântano.
Não vou forçar a comparação tradicional com os caminhos adotados pela polícia norte-americana para prender Al Capone, não seria justo. E tenho de admitir a mínima possibilidade que Lula não se tenha envolvido, só assistido.  Já seria um crime para uma autoridade responsável, mas tudo bem, pensemos que um sítio sem graça e uma cobertura “do tipo casa popular” não seriam suficientes para justificar a prisão de liderança tão demonstrativa.  A mim não me convence muito. Eu preferia que o ministério público contratasse uma agência especializada no exterior para avaliar o envolvimento de Lula na negociação de grandes negócios que juntaram o nosso BNDES e a Odebrecht, entre outras empreiteiras, para realizar obras monumentais em países “parceiros”. Supostamente todo negócio no mundo capitalista envolve intermediários muito bem pagos. Se Lula não recebeu estaria trabalhando de graça para algum sabichão. Esse o envolvimento que eu gostaria de ver esclarecido de vez, para fazermos um julgamento justo dessa personalidade única no cenário político-sindical brasileiro.  Não me impressionam Atibaia e Guarujá, há coisas muito piores como a perda de oportunidade de demonstrar que é possível um governo de esquerda no país.
Nota: um governo de esquerda criaria excelentes sistemas educacional e de saúde pública, facilitaria a produção de moradias, ampliaria os espaços públicos de lazer e cultura, e adotaria uma sólida política de criação de empregos. Os bancos não acumulariam a riqueza que exibem desassombradamente. A economia estaria voltada para o consumo interno e só o excedente e algumas áreas vocacionadas estariam dirigidas à exportação. Usaria a previdência e o emprego como um suporte de integração e solidariedade social.

Marcelo Cavalcante Cavalcante Lula saiu de uma situação difícil da forma que sabe: negociou com o PMDB para escapar do Mensalão. Em troca abriu os cofres da Petrobras. Sem estar na presidência não conseguirá dar a volta por cima e a estratégia corrupta já está manjada. Lula é o PT....Ver mais

Antonio Lopes da Costa Gostaria de conhecer o governo de esquerda descrito na Nota (final do texto). Parabéns, amigo.

Maria Cristina Casciano Brillante Joao. Comparto totalmente y extraño mucho las tenidas sociologicas contigo. Has sido spe un referente en mi vida.
 Puedo compartir?


Rayssa Vieira Pinto João, essa é uma das poucas análises lúcidas que li nos últimos dias. Concordo com vc, não há o que comemorar. O que há de mais triste nessa história toda é mesmo a perda da oportunidade de demonstrar a viabilidade de um governo de esquerda. A decepção...Ver mais

Carlos Felipe Requião Companheiro Alexim, realmente é triste a prisão de um ex-presidente, mas que esta prisão sirva emblematicamente e de fato exemplo para todos os políticos e poderosos empresários que assaltam o erário. Serve a popular " o crime não compensa."Um cidadão ...Ver mais

Cavalcante: Caro Alexim. É realmente patético que as acusações contra o Lula sejam simplórias ("um sítio sem graça e uma cobertura “do tipo casa popular”) mas não concordo que não "seriam suficientes para justificar a prisão de liderança tão demonstrativa". Vivemos...Ver mais


Primeiro  de Maio de 2018

Meus amigos sabem que o dia de hoje, 1º de maio, é especialmente importante e significativo para mim. A maior parte de minha vida profissional foi dedicada à compreensão e organização do mundo do trabalho. Como diretor da OIT e seu representante no Brasil eu vivi de perto muita comemoração de 1º de maio, aqui e no exterior.  Infelizmente o momento brasileiro não é favorável a uma relação justa entre as partes do mundo do trabalho, mas temos de pensar também no futuro.  A OIT tem enfrentado problemas intransponíveis em todo o planeta para fazer valer seus princípios e suas normas, não dirigidas a eliminar o conflito de classes, que é inerente ao sistema capitalista, mas a administrá-lo de uma forma tolerável para conduzir à paz e à justiça social.  Não conseguiria entender um mundo sem a intervenção da OIT, mesmo considerando suas limitações e por vezes sua parcialidade.


Fragilidade de governo provisório

A fragilidade do governo provisório está causando prejuízos irreparáveis à sociedade brasileira, Todos os prestadores de serviço importantes do país estão aproveitando o momento para pressionar o governo por benefícios imorais e sabem que vão ganhar. Imaginem se esse pífio governo durasse quatro anos! Só num só dia nos jornais:  planos de saúde querem aumentar valores de idosos e baixar valor de multa; políticos já garantiram impunidade; trabalho escravo não incomoda Temer; aéreas cobram bagagem mas não baixam preços;